domingo, 8 de dezembro de 2013
Nostalgia
Uma coisa curiosa sobre a nostalgia é a capacidade de romantizar o nosso passado. Os momentos reavidos em nossa mente são apenas os bons, aqueles momentos felizes e cheios de cor! Os ruins e cinzentos até surgem de vez em quando, mas esses, ah esses são extramamente amenizados e acorbetados por esse sentimento de saudade daquilo que costumávamos ser e ter.
Pude perceber isso melhor quando um evento recente em minha vida me fez voltar um pouco ao passado, lá pros inícios da minha adolescência. Duas pessoas que costumavam ser extremamente importantes pra mim naquela época tomaram meus pensamentos. Obviamente, nós não nos falamos mais - ao menos, não da forma como nos falávamos - , e eu me perguntei qual teria sido o motivo deles terem se distanciado, e principalmente, o motivo de eu ter aceitado essa distância, já que eu os julgava as duas pessoas que envelheceriam ao meu lado. A busca para essas respostas não demorou muito, bastou dar algumas olhadas em e-mails antigos, as últimas conversas, cartas e bilhetes para saber o que havia acontecido entre a gente: mágoas acumuladas.
Não sou uma expert quando se trata de psicologia, nem sequer li algum livro a respeito, mas penso que quando alguém acumula muita mágoa, raiva e decepção dentro de si, pode acabar gerando um distanciamento automático da pessoa que gerou esses sentimentos. Pois é, foi exatamente isso o que houve. De ambas as partes.
Como poderia se evitar esse tipo de situação? Afinal, eram as pessoas mais importantes para mim na época! Como pude deixar isso acontecer? O momento em que fomos verdadeiros um com o outro foi o momento em que percebemos o quanto estávamos machucados!
Mas isso não é só privilégio meu, todo mundo passa ou já passou por isso( e quem não passa nem passou, certamente passará)! Às vezes ficamos queitos para não brigar por besteira, ou por que pensamos que é besteira mesmo, mas na verdade aquilo incomoda. Dai pra frente é como uma bexiga sendo enchida vagarosamente, vai enchendo, enchendo, até que estoura. (Não pensem que roguei uma praga quando disse que quem não passou por essa situação certamente passará, na verdade eu apenas coloquei dessa forma por que faz parte do ser humano. Não conheço ninguém que não engula alguns sapos de vez em quando em nome de uma convivência harmoniosa.)
A bola de neve que se forma e cria dentro da gente essa vontade de se afastar é devastadora, e muitas vezes permanente. Será que tem um jeito de pará-la? Uma solução - muitos diriam- seria sempre dizer quando algo nos incomoda! Mas até que ponto isso seria uma solução? Nossa intolerância natural para com os defeitos e manias dos outros provavelmente nos faria viver isoladamente, já que todas as pessoas tem prós e contras (incluindo eu, você e quem mais quer que seja!). Talvez o mais sensato seja buscar aceitar a pessoa como ela é! Mas não aquela aceitação falsa, que diz que apesar de dizer que aceita, na verdade sente pontadas na alma, aguentando tudo, calada pela hipocrisia. Não! Eu falo de uma aceitação sincera! Muitos falam de se colocar no lugar da pessoa, mas a maioria faz esse exercício se esquecendo que a pessoa age, pensa e sente diferente. É um tipo de exercício que exige auto-conhecimento e sensibilidade apurada. Ou seja, quase impossível de ser feito e só grandes almas são capazes de exercer!
É, parece que não tem jeito! Sempre vamos acabar magoando alguém e alguém sempre vai acabar nos magoando. Faz parte dos relacionamentos, sejam eles quais forem. Bem, mesmo sem saber como evitar, existe sempre uma forma de consertar - ou pelo menos tentar - , e vai ver que é por isso que eu goste desse sentimento nostálgico que bate às vezes. A gente revive aquelas cenas dando valor só as coisas que realmente importavam! E quanto aos pequenos incômodos que geraram a briga...bem, como eu disse eles voltam na memória também, e voltam exatamente como eles são, pequenos.
E-mails de reconciliação enviados.
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