No
alto dos céus, em uma nuvem cinza, existia um palácio feito de cúmulus, vento e
água. Era nesse palácio que residia a Rainha da Chuva e todo o seu reino.
Apesar do clima naquela nuvem cinzenta ser frio e úmido, seus habitantes viviam
em alegria e adoravam festejar. Existia uma celebração que eles aguardavam com
ansiedade: o dia em que a Rainha iria abrir a grande comporta do palácio e
despejar água na terra. Esse dia específico era conhecido como a Celebração da
Chuva.
A
Celebração da Chuva era comemorada da seguinte forma: a parte da manhã se
passava comendo, mas nada se bebia - para simbolizar a água poupada para a
chuva. - , à tarde entravam os músicos e uma dança de roda em volta da grande
compota era formada por todos os habitantes do reino. Somente no meio da música
a Rainha da Chuva aparecia dirigindo-se ao centro da roda e abria a comporta.
Os habitantes permaneciam dançando e cantando até que a água acumulada tivesse
se dirigido totalmente para a terra. O resto da comemoração se passaria
comendo, bebendo e dançando, como todas as festividades devem ser.
Aquela
prometia ser uma grande Celebração da Chuva. Já havia muito tempo que não era
comemorada e a grande comporta quase transbordava de tanta água acumulada. Os
habitantes do reino estavam empolgados e preparavam tudo com animação e
cantoria. Mesmo a Rainha da Chuva estava nervosa para a Celebração.
Quando
tudo estava em seu lugar, a festividade deu-se início. Primeiro os comes, sem
os bebes. Tudo dentro dos conformes. Foi somente quando a dança teve seu começo
que viu-se uma luz forte seguida de um barulho tão alto que os habitantes se
esconderam e a festa foi interrompida. A Rainha, em seu total poder, foi
procurar a origem do problema. Ela se dirigiu para a parte mais alta da torre e
chegando na janela pode avistar um jovem em uma nuvem, tocando uma espécie de
tambor tão grande que chegava a ser o dobro de tamanho do palácio da Rainha. A
luz, a Rainha observou, tinha origem no atrito das duas nuvens - da dela e da
dele - , cada vez que se encostavam, a luz aparecia.
-
Senhor, com sua licença! - disse a Rainha com voz poderosa. O jovem olhou para
ela. - Perdoe-me, mas pode me dizer qual o motivo de ter-se enganchado na minha
nuvem e atrapalhado minha festa?
O
jovem da nuvem sorriu e lhe fazendo uma grande reverência respondeu:
-
Perdão digo eu, senhorita Rainha! Sou o Príncipe do Trovão e estava tratando de
meus negócios quando um vento muito forte me arrastou para a sua nuvem.
Infelizmente elas se prenderam e não sei se há um jeito de soltá-las!
-
Tem que haver!- desesperou-se a Rainha - meu povo espera por esse festival há
muito tempo!
O
Príncipe pensou e depois de um tempo disse para a Rainha.
-
Tentemos o seguinte: Eu vou puxar minha nuvem desse lado e você chama um criado
para puxar do seu lado. Desse jeito, creio eu, conseguiremos nos soltar.
A
Rainha concordou e assim foi feito. O jovem mais forte do reino foi colocado de
um lado da nuvem, e o Príncipe do Trovão ficou do outro lado, na contagem do
"3" os dois puxaram a nuvem. Saíram diversos raios, mas nada das
nuvens se soltarem. Tentou-se mais duas vezes, até que a Rainha e o Príncipe
mudassem de estratégia.
-
E se... - começou a Rainha - você fizesse muito barulho com aquele seu tambor.
Talvez a vibração do som faça as nuvens se soltarem!
O
Príncipe concordou. Subiu de volta para o tambor e tocou tão alto quanto pode,
porém, nenhuma nuvem se moveu.
Naquela
altura, os habitantes já estavam se divertindo com o acontecimento, e foi de
comum acordo que se deixasse a história de separar as nuvens de lado e a festa
desse prosseguimento. A Rainha e o Príncipe concordaram e a dança foi retomada.
Quando a Rainha abriu a grande comporta, a água saiu aos montes, diminuindo o
tamanho da nuvem e fazendo com que ela se desprendesse da nuvem do
Príncipe. Divertindo-se com a solução,
os habitantes, a Rainha e o Príncipe comemoraram. Os habitantes pegaram pedaços
de sua cúmulus e jogavam na do Príncipe, para que se formassem os raios. O
Príncipe, por sua vez, foi até o tambor e tocou tão alto quanto pode; e logo se
entrou numa brincadeira com os habitantes: cada vez que um raio era formado,
ele tocava o tambor. A Rainha permaneceu com a comporta aberta, se divertindo
com a cena.
Quando
a água finalmente acabou, a Rainha e os habitantes fizeram o Príncipe prometer
que voltaria sempre no dia da Celebração da Chuva. É por isso que hoje em dia, sempre
que começa a chover na terra, podem-se ver raios, seguidos por trovões.