Toda noite
ela sentava na janela, deitava-se sobre seus braços e olhava para aquela
forma naturalmente redonda e branca de luz fraca, mas que se intensificava na
escuridão da noite.
Era sua
única amiga.
Sua luz
pálida e fria era confortante. Somente ela a entendia, somente ela a ouvia. E
toda a noite, a menina contava-lhe suas histórias.
Contava
baixinho, para não acordar as colegas. Mas não fazia diferença, pois ela sabia que
mesmo baixinho, a Lua estaria ouvindo.
“Ela sempre
estará ouvindo!” disse a si mesma, com um leve sorriso no rosto.
“Está frio
esta noite, não é?!” começou a menina “Lua, hoje aconteceu uma coisa maravilhosa: eu
fiz um amigo!”.
A Lua
brilhou animada.
“Eu sei!”
exclamou vendo a empolgação da amiga “Quem poderia imaginar, não é?! Quer que
eu conte sobre ele?”.
Então ela
subiu, para prestar atenção. A menina, feliz com a resposta, iniciou a sua
história:
“Eu estava
no pátio quando o vi. Estava sentada lá no canto da arquibancada, sabe?! Aquele
onde sempre fico?!”.
A Lua
assentiu.
“Então, eu
estava lá e olhei pro chão, foi quando eu notei ele caído, com a perna
machucada! Fui até ele e perguntei se estava bem e o que tinha acontecido, mas
ele não me respondeu, porque estava com muita dor!”.
Uma das
meninas, deitada na cama ao lado, mexeu-se. A menina, notando o movimento, deitou
rapidamente em sua cama e a Lua diminuiu seu brilho. Esperaram escondidas. Quando
o silêncio voltou, a menina retomou seu lugar na janela, bem devagarinho.
“Foi por
pouco!” suspirou aliviada. A Lua concordou.
Ela olhou
pros lado, e vendo que tudo estava bem novamente, tornou a contar a história.
“Onde eu
estava? Ah sim! Ele estava muito machucado, então eu o levei aqui pro quarto!”.
A Lua
piscou.
“Sim, sim,
eu sei! Não poderia ter feito isso, mas não tinha outra escolha, não podia
deixar ele lá!”.
“Trouxe ele
e cuidei dos ferimentos! Ele dormiu a tarde toda, mas quando acordou, me
agradeceu, e agora somos amigos!”. Finalizou sorrindo. “Ele até veio jantar
comigo!”.
A Lua
irradiou de felicidade.
“Quer conhece-lo?”.
Perguntou a menina, apontando para algum lugar no quarto.
Então ela
subiu de novo no céu.
A menina
olhou pros lados, com cautela. O silêncio continuava. Ela se esgueirou pra
debaixo da cama, e por um instante, a Lua a perdeu de vista. Quando ela apontou
de novo na janela, trazia consigo uma pequena caixa.
“Improvisei
essa casinha pra ele!” Explicou “Mas tem uma abertura, ele pode sair e voltar
quando quiser!”.
A menina
retirou uma pequena bola amarronzada e peluda da caixa. Era um camundongo.
“Ele não me
disse o nome dele ainda, mas olha amiguinho...” Falou para o camundongo em suas
mãos “Essa é minha amiga Lua, e muito em
breve, estarei com ela lá em cima!”.
A Lua
brilhou, até mais do que havia brilhado aquela noite, feliz por conhecer um
novo amigo.