quarta-feira, 24 de junho de 2015

A Menina Que Contava Histórias para a Lua.




Toda noite ela sentava na janela, deitava-se sobre seus braços e olhava para aquela forma naturalmente redonda e branca de luz fraca, mas que se intensificava na escuridão da noite.

Era sua única amiga.

Sua luz pálida e fria era confortante. Somente ela a entendia, somente ela a ouvia. E toda a noite, a menina contava-lhe suas histórias.

Contava baixinho, para não acordar as colegas. Mas não fazia diferença, pois ela sabia que mesmo baixinho, a Lua estaria ouvindo.

“Ela sempre estará ouvindo!” disse a si mesma, com um leve sorriso no rosto.

“Está frio esta noite, não é?!” começou a menina “Lua, hoje aconteceu uma coisa maravilhosa: eu fiz um amigo!”.

A Lua brilhou animada.

“Eu sei!” exclamou vendo a empolgação da amiga “Quem poderia imaginar, não é?! Quer que eu conte sobre ele?”.

Então ela subiu, para prestar atenção. A menina, feliz com a resposta, iniciou a sua história:

“Eu estava no pátio quando o vi. Estava sentada lá no canto da arquibancada, sabe?! Aquele onde sempre fico?!”.

A Lua assentiu.

“Então, eu estava lá e olhei pro chão, foi quando eu notei ele caído, com a perna machucada! Fui até ele e perguntei se estava bem e o que tinha acontecido, mas ele não me respondeu, porque estava com muita dor!”.

Uma das meninas, deitada na cama ao lado, mexeu-se. A menina, notando o movimento, deitou rapidamente em sua cama e a Lua diminuiu seu brilho. Esperaram escondidas. Quando o silêncio voltou, a menina retomou seu lugar na janela, bem devagarinho.

“Foi por pouco!” suspirou aliviada. A Lua concordou.

Ela olhou pros lado, e vendo que tudo estava bem novamente, tornou a contar a história.

“Onde eu estava? Ah sim! Ele estava muito machucado, então eu o levei aqui pro quarto!”.

A Lua piscou.

“Sim, sim, eu sei! Não poderia ter feito isso, mas não tinha outra escolha, não podia deixar ele lá!”.

“Trouxe ele e cuidei dos ferimentos! Ele dormiu a tarde toda, mas quando acordou, me agradeceu, e agora somos amigos!”. Finalizou sorrindo. “Ele até veio jantar comigo!”.

A Lua irradiou de felicidade.

“Quer conhece-lo?”. Perguntou a menina, apontando para algum lugar no quarto.

Então ela subiu de novo no céu.

A menina olhou pros lados, com cautela. O silêncio continuava. Ela se esgueirou pra debaixo da cama, e por um instante, a Lua a perdeu de vista. Quando ela apontou de novo na janela, trazia consigo uma pequena caixa.

“Improvisei essa casinha pra ele!” Explicou “Mas tem uma abertura, ele pode sair e voltar quando quiser!”.

A menina retirou uma pequena bola amarronzada e peluda da caixa. Era um camundongo.

“Ele não me disse o nome dele ainda, mas olha amiguinho...” Falou para o camundongo em suas mãos  “Essa é minha amiga Lua, e muito em breve, estarei com ela lá em cima!”.


A Lua brilhou, até mais do que havia brilhado aquela noite, feliz por conhecer um novo amigo.